Historicamente, o Nordeste foi a primeira região do país a ser ocupada pelos portugueses, assim como sua costa foi também a primeira área a ser explorada. Porém, somente cento e dez anos após as primeiras caravanas chegarem ao Brasil, a Caatinga foi povoada por colônias Holandesas, que travava uma luta com Franceses para obter o domínio de terras, que posteriormente, tornou-se grande potência econômica em função da cana de açúcar. Hoje, além de todos os fatores citados acima, a Caatinga revela-se para a nação como uma preciosidade, representando o único bioma exclusivamente brasileiro, em vasta extensão territorial, rica em fauna e flora, além de ser contemplada com o maior e um dos principais afluentes aquíferos nacional, o rio São Francisco.
Apesar de toda essa riqueza, a área que compreende a Caatinga também enfrenta dificuldades, pois sofre com a escassez de água, devido o curto período de chuvas, e as desigualdades socioeconômicas referente ao restante da nação. Por esse fator, o Sertanejo procurou aproveitar da melhor maneira o que lhe era oferecido por sua região, investigando, experimentando e conhecendo cada planta, animal ou aparato encontrado no sertão, sendo retratado como ser forte e resistente, que não se limita aos conceitos e rótulos imposto pela sociedade.
Diante disso, percebe-se a intimidade que o Nordestino nutre pelo seu território, mesmo diante das dificuldades. Visando explanar ainda mais o conhecimento científico e popular, o presente trabalho busca experienciar com o aluno através da prática diretamente em campo, o quão rica é a Caatinga, mediante suas próprias investigações, pois, segundo Rogers (1985) é pelo contato que se educa, sendo assim, o professor deve ser um educador-facilitador, aquela pessoa realmente presente para seus diversos alunos. O educador não deve adotar um único modelo para facilitar o aprendizado, é interessante colocar os interesses dos alunos em primeiro plano, configurando assim, um método que consiste não só em o aluno seguir apreendendo a aprender, como também em o professor conseguir ser um facilitador dessa aprendizagem de forma singular e livre, com autenticidade, aceitação, confiança tanto em si como no aluno e na compreensão empática.
Apesar de toda essa riqueza, a área que compreende a Caatinga também enfrenta dificuldades, pois sofre com a escassez de água, devido o curto período de chuvas, e as desigualdades socioeconômicas referente ao restante da nação. Por esse fator, o Sertanejo procurou aproveitar da melhor maneira o que lhe era oferecido por sua região, investigando, experimentando e conhecendo cada planta, animal ou aparato encontrado no sertão, sendo retratado como ser forte e resistente, que não se limita aos conceitos e rótulos imposto pela sociedade.
Diante disso, percebe-se a intimidade que o Nordestino nutre pelo seu território, mesmo diante das dificuldades. Visando explanar ainda mais o conhecimento científico e popular, o presente trabalho busca experienciar com o aluno através da prática diretamente em campo, o quão rica é a Caatinga, mediante suas próprias investigações, pois, segundo Rogers (1985) é pelo contato que se educa, sendo assim, o professor deve ser um educador-facilitador, aquela pessoa realmente presente para seus diversos alunos. O educador não deve adotar um único modelo para facilitar o aprendizado, é interessante colocar os interesses dos alunos em primeiro plano, configurando assim, um método que consiste não só em o aluno seguir apreendendo a aprender, como também em o professor conseguir ser um facilitador dessa aprendizagem de forma singular e livre, com autenticidade, aceitação, confiança tanto em si como no aluno e na compreensão empática.
Epistemicídio
Epistemicídio é um termo utilizado por Boaventura de Sousa Santos e demais autores e autoras que buscam desromantizar a influência da colonização branca-europeia e do imperialismo capitalista. O epistemicídio é definido como a “destruição de conhecimentos, de saberes, e de culturas não assimiladas pela cultura branca/ocidental” (Miranda, 2016). Em outras palavras, consiste na recusa, invisibilidade e exclusão do conhecimento de determinados grupos.
O epistemicídio ocorre por meio de três estratégias que podemos identificar, não só no processo de colonização do nosso país, como também, no nosso Brasil atual:
A assimilação – que ocorre quando o conhecimento popular/tradicional é absorvido pelo sistema dominante que se apresenta. Por exemplo: a imposição do idioma português aos indígenas, durante o processo de colonização do Brasil;
A invisibilização – que ocorre quando o sistema dominante torna invisível as formas de resistência do conhecimento popular. Por exemplo: parte da medicina científica em relação aos métodos de tratamentos oriundos das crenças religiosas de matriz africana e indígena;
A destruição – que consiste no processo de eliminação da possibilidade de resistência dos conhecimentos/saberes por meio da extinção dos seus mecanismos de produção e reprodução. Por exemplo: o genocídio indígena.
Se tratando do Brasil, ao analisarmos a sua história, iremos identificar o epistemicídio negro e o epistemicídio indígena, processos que durante a colonização, ou melhor dizendo, que desde a colonização, coloca o saber branco/europeu em situação de super-valorização em detrimento dos saberes produzidos pela população indígena e negra. Este fato permanece presente na nossa sociedade atual, graças a detenção dos meios de produção na mão de uma minoria branca e elitista. Os sociólogos franceses Pierre Bourdieu (1930-2002) e Jean-Claude Passeron (1930-) lançaram a obra: “A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”, evidenciando que a escola reproduz as relações sociais existentes na sociedade capitalista, afirmando que neste ambiente há uma “violência simbólica”, ou seja, é imposta uma cultura dominante (oriunda da classe que detém os meios de produção) sobre os dominados (aqueles que vendem a sua força de trabalho), através de representações que são legitimadas mediante a ocultação da força e poder que estão envolvidas. Podemos compreender aqui, a escola, como sendo todo o sistema de ensino, desde a educação básica até a o ensino superior.
Sendo assim, o epistemicídio ainda ocorre nos dias atuais devido a forçada industrialização do campo, da urbanização e destruição do meio ambiente, que atinge não só o nosso Sertão como todo o país brasileiro, principalmente as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Como um ato de resistência, o nosso trabalho busca proporcionar à nossa turma, uma experiência proveniente do conhecimento popular. O que aprendemos com os nossos pais e avós sobre a eficácia de determinados chás?
O epistemicídio ocorre por meio de três estratégias que podemos identificar, não só no processo de colonização do nosso país, como também, no nosso Brasil atual:
A assimilação – que ocorre quando o conhecimento popular/tradicional é absorvido pelo sistema dominante que se apresenta. Por exemplo: a imposição do idioma português aos indígenas, durante o processo de colonização do Brasil;
A invisibilização – que ocorre quando o sistema dominante torna invisível as formas de resistência do conhecimento popular. Por exemplo: parte da medicina científica em relação aos métodos de tratamentos oriundos das crenças religiosas de matriz africana e indígena;
A destruição – que consiste no processo de eliminação da possibilidade de resistência dos conhecimentos/saberes por meio da extinção dos seus mecanismos de produção e reprodução. Por exemplo: o genocídio indígena.
Se tratando do Brasil, ao analisarmos a sua história, iremos identificar o epistemicídio negro e o epistemicídio indígena, processos que durante a colonização, ou melhor dizendo, que desde a colonização, coloca o saber branco/europeu em situação de super-valorização em detrimento dos saberes produzidos pela população indígena e negra. Este fato permanece presente na nossa sociedade atual, graças a detenção dos meios de produção na mão de uma minoria branca e elitista. Os sociólogos franceses Pierre Bourdieu (1930-2002) e Jean-Claude Passeron (1930-) lançaram a obra: “A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”, evidenciando que a escola reproduz as relações sociais existentes na sociedade capitalista, afirmando que neste ambiente há uma “violência simbólica”, ou seja, é imposta uma cultura dominante (oriunda da classe que detém os meios de produção) sobre os dominados (aqueles que vendem a sua força de trabalho), através de representações que são legitimadas mediante a ocultação da força e poder que estão envolvidas. Podemos compreender aqui, a escola, como sendo todo o sistema de ensino, desde a educação básica até a o ensino superior.
Sendo assim, o epistemicídio ainda ocorre nos dias atuais devido a forçada industrialização do campo, da urbanização e destruição do meio ambiente, que atinge não só o nosso Sertão como todo o país brasileiro, principalmente as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Como um ato de resistência, o nosso trabalho busca proporcionar à nossa turma, uma experiência proveniente do conhecimento popular. O que aprendemos com os nossos pais e avós sobre a eficácia de determinados chás?
A riqueza medicinal das plantas da caatinga
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro ocupando cerca de 12% do território nacional. Por ser caracterizada por um clima quente com prolongadas estações secas e escasso regime de chuvas se faz comum a desvalorização da sua biodiversidade. O sertanejo, por outro lado é capaz de enxergar nessa região mais do que a mesma aparenta, pois por tal a mesma não é só vista, mas vivida. É da caatinga que ele se alimenta, é nela que ele encontra a cura para sua enfermidades, é ela sua fonte de conhecimento.
A medicina popular dessa área parte da necessidade de sobrevivência do seu povo e é caracterizada pela valorização de todo recurso por ela oferecido, o conhecimento adquirido é passado entre as gerações como uma herança de resistência. O conhecimento em relação ao uso medicinal de sua flora é concebido por experimentos simples disseminados nas comunidades locais. O estudo apresentado (Tabela 1) foi realizado nas comunidade rural de Laginhas, Caicó - RN a partir dele podemos compreender melhor a medicina popular local.
A medicina popular dessa área parte da necessidade de sobrevivência do seu povo e é caracterizada pela valorização de todo recurso por ela oferecido, o conhecimento adquirido é passado entre as gerações como uma herança de resistência. O conhecimento em relação ao uso medicinal de sua flora é concebido por experimentos simples disseminados nas comunidades locais. O estudo apresentado (Tabela 1) foi realizado nas comunidade rural de Laginhas, Caicó - RN a partir dele podemos compreender melhor a medicina popular local.
Fonte: Roque; Rocha; Loiola, 2010.
Conhecimento popular, uma aproximação humanista
O conhecimento popular difere de forma única das formas de conhecimento convencionais por se basear completamente nas experiências do indivíduo, o mesmo independe de estudos, de pesquisas ou aplicações de métodos e é adquirido ao acaso, de experiências casuais, pelas diversas tentativas de acertos e erros. Tal conhecimento é acessível e de fácil compreensão, o que faz com que ele seja aceito pela comunidade e disseminado na população. Levando em consideração a herança cultural a ele vinculado, torna-se fácil compreender que o mesmo é fonte eterna de inspiração para a ciência e não pode ser desprezado.
Diante de tal compreensão e em vista da forma como o mesmo é construído, a abordagem de suas congruências em contexto acadêmico deve ser desprendida das normas as quais estão condicionados os métodos educacionais.
O Humanismo é um movimento intelectual difundido na Europa durante a Renascença e inspirado na civilização greco-romana, que valorizava um saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana. A concepção humanista da educação tem por característica uma abordagem focada na visão do homem como um todo para além da situação escolar, é o ensino focado no aluno e na sua capacidade de autoaprendizagem que coloca o professor na função de agente facilitador responsável por criar condições para o desenvolvimento do aluno. Visto que a mesma valoriza todo conhecimento a serviço do crescimento pessoal, interpessoal ou intergrupal como educação, torna-se esta a mais vantajosa aproximação para o conhecimento popular.
Para além do meio acadêmico podemos considerar a própria Caatinga como escola do saber e em meio a ela as experiências do indivíduo com a finalidade de promover uma educação comunitária focada na troca de conhecimentos num contexto intergrupal. Paulo Freire desde seus primeiros escritos considerou a escola muito mais do que as quatro paredes da sala de aula, baseando-se nisso para a criação do “Círculo de Cultura”, como expressão dessa nova pedagogia que não se reduzia à noção simplista de “aula”.
Diante de tal compreensão e em vista da forma como o mesmo é construído, a abordagem de suas congruências em contexto acadêmico deve ser desprendida das normas as quais estão condicionados os métodos educacionais.
O Humanismo é um movimento intelectual difundido na Europa durante a Renascença e inspirado na civilização greco-romana, que valorizava um saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana. A concepção humanista da educação tem por característica uma abordagem focada na visão do homem como um todo para além da situação escolar, é o ensino focado no aluno e na sua capacidade de autoaprendizagem que coloca o professor na função de agente facilitador responsável por criar condições para o desenvolvimento do aluno. Visto que a mesma valoriza todo conhecimento a serviço do crescimento pessoal, interpessoal ou intergrupal como educação, torna-se esta a mais vantajosa aproximação para o conhecimento popular.
Para além do meio acadêmico podemos considerar a própria Caatinga como escola do saber e em meio a ela as experiências do indivíduo com a finalidade de promover uma educação comunitária focada na troca de conhecimentos num contexto intergrupal. Paulo Freire desde seus primeiros escritos considerou a escola muito mais do que as quatro paredes da sala de aula, baseando-se nisso para a criação do “Círculo de Cultura”, como expressão dessa nova pedagogia que não se reduzia à noção simplista de “aula”.
Referências
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. [Trad. Reynaldo Bairão]. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S/A, 1975.
DE LIMA, Letícia Dayane. Teoria humanista: Carl Rogers e a educação. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-ALAGOAS, v. 4, n. 3, p. 161, 2018.
MIRANDA, Sandro. Epistemicídio: monoculturalismo e a destruição dos saberes. Disponível em: . Acesso em: 02 de agosto 2019.
ROGERS, C.R. Liberdade para aprender. 2.ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1973.
RYLE, G. The concept of Mind. London: Penguin, 1949. apud PILAN, Fernando Cesar. “O Conhecimento do senso comum e os limites da inteligência artificial”. Marília. UNESP. 2012.
ZEDONG, Mao. In "Decisões do Comitê Central do Partido Comunista da China sobre alguns problemas no atual trabalho rural". 1963, China.
GASPAR, Lúcia. O Nordeste do Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: . Acesso em: 20 de julho 2019.
MORAES, Denise. Bioma Caatinga. Disponível em:. Acesso em: 04 de agosto 2019.
DE LIMA, Letícia Dayane. Teoria humanista: Carl Rogers e a educação. Caderno de Graduação-Ciências Humanas e Sociais-UNIT-ALAGOAS, v. 4, n. 3, p. 161, 2018.
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MORAES, Denise. Bioma Caatinga. Disponível em:
ANA HULLE DE OLIVEIRA CRUZ
LEANDRA BEATRIZ DOS SANTOS BRITO
PAULA FERNANDA PEREIRA FEITOSA
LEANDRA BEATRIZ DOS SANTOS BRITO
PAULA FERNANDA PEREIRA FEITOSA