8.06.2019

ESQUIZOFRENIA EM UMA PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR


A esquizofrenia é um transtorno que afeta a capacidade do indivíduo de pensar, sentir e se comportar com clareza. Sua etiologia e fisiopatologia ainda continua uma incógnita. Supõem-se que podem estar associadas a fatores ambientais, e mudanças físicas e químicas no encéfalo. Diante do distúrbio vivenciado por 1 a cada 100 pessoas, sendo 1% da população mundial acometida, o preconceito, o estereotipo e o estigma se faz presente contribuindo para a exclusão e adoecimento desse indivíduo. A inclusão se dá por meio de tratamentos psicossociais tanto para a família como para o acometido, para lidar melhor com o transtorno e com a vivencia em sociedade.

A esquizofrenia é um grupo amplo de psicoses em que a emoção é neutralizada ou não é coordenada com o pensamento e o comportamento e em que o pensamento parece ser desordenado. Os sintomas típicos de esquizofrenia são as alucinações, a incoerência nos pensamentos e expressões verbais e ilusões. Uma pessoa que sofre de esquizofrenia não tem possibilidade de manter relações sociais ou de cuidar de si mesmo de forma adequada. Existe considerável controvérsia sobre se a esquizofrenia é uma desordem orgânica ou se é decorrente de experiencias de vida, em especial de crescer dentro de certos tipos de família [...]. (STRATTON, 1940)

Historicamente a esquizofrenia foi denominada uma doença mental complexa, vista popularmente como loucura. No final do século XIX, o alemão Emil Kraepelin foi um grande revolucionário, intitulou a patologia como “demintia praecox” – demência precoce com base em outros teóricos. Como proposta de substituir o termo demência precoce, Bleuler (1857-1939) criou o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão, phrenia = mente). Esse termo é o indicativo segundo ele da presença de cisma entre pensamento, emoção e comportamento nos pacientes acometido pela esquizofrenia.

A esquizofrenia é um transtorno mental que provoca alterações do pensamento, ou seja, caracteriza-se por induzir alterações do pensamento e emoções ocasionando mudanças do comportamento. De acordo com Nettina (2011), a esquizofrenia caracteriza-se por um distúrbio delirante que são oriundos de um comprometimento do parâmetro da realidade gerando desta forma em quadros de alucinações, delírios, associações indefinidas fala e comportamentos desorganizados, sendo estes classificados como sintomas positivos e como sintomas negativos, emoções restritas, desinteresse em atividades prazerosas, avolição e isolamento social. Ressalta ainda que a etiologia do transtorno ainda é indefinida, porém, acredita-se em causas multifatoriais como: fatores genéticos, bioquímicos e cerebrais estruturais e fatores psicossociais.

Shirakawa al el (1998), demonstra dados em que a esquizofrenia acomete 1% da população, destacando a predominância em sexo masculino e idade jovem, sendo presente em todas as culturas, regiões geográficas e classes sociais. Ao olhar para uma construção histórica de “anormalidades” manifestas socialmente, sempre foi visto com “olhos estranhos”, marcado por julgamentos e até definido como demoníaco em uma perspectiva religiosa e do senso comum. E ao passar dos anos o acesso a informações tem esclarecido e levantado discussões a respeito do bem-estar e cuidado aos esquizofrênicos.

A estigmatização é detentora de um papel devastador na vida de quem padece, sendo a falta de conhecimento o principal empecilho na desmistificação do preconceito. O estereótipo atribuído ao esquizofrênico (agressividade, falta de controle das suas reações...) corrobora com a exclusão social, assim como, reforça um comportamento de afugentamento desse indivíduo, que consequentemente se afasta de amigos e familiares (CAVALCANTE et al, 2016), exteriorizando esse adoecimento psíquico. O olhar fenomenológico frente a esquizofrenia adentra aspectos muito significativos no que se refere a vivência do paciente nos mais variados ambientes como a vivência pessoal, familiar, com os cuidadores, no convívio social e sobretudo no enfrentamento particular do indivíduo enquanto esquizofrênico, discutindo a importância humanista e existencial de todos os envolvidos.

Uma abordagem fisiopatológica da Esquizofrenia


A definição atual de esquizofrenia está relacionada a um distúrbio psíquico que afeta a consciência do próprio eu, as relações afetivas, a percepção e o pensamento. A mesma, afeta 1% da população brasileira; no qual as pessoas do sexo masculino desencadeiam precocemente, em relação ao sexo feminino.

As causas da esquizofrenia são desconhecidas. Vários estudos apontam que vulnerabilidade/estresse é o padrão aceito pela maioria, seguindo esse conceito, a vulnerabilidade em resolver/lidar com problemas pode desencadear o transtorno (NUECHTERLEIN & DANSON, 1994). Outros fatores podem estar no desenvolvimento infantil; complicações na adolescência; situações que promovam alterações e/ou distúrbios no ambiente onde o indivíduo se encontra (Cavalcante al et, 2016)

Assim, entendendo a falta de consenso/descobertas evidentes da etiopatologia e os achados de exames complementares. Limitamo-nos a discursão sobre os fatores/hipóteses relacionados a esquizofrenia. De tal forma, que discorreremos sobre algumas hipóteses levantadas acerca das causas neurológicas da esquizofrenia, além de apresentar os sintomas, o diagnóstico, e breves considerações sobre a patologia.

É de total relevância apresentar alguns aspectos anatômicos e histopatológicos encontrados nos cérebros de esquizofrênicos. Apesar de não haver achados histopatológicos específicos ou anatômicos, ou que venham a auxiliar no diagnostico, tem-se várias evidências que apontam anormalidades estruturais no cérebro de pacientes esquizofrênicos.

Os resultados anatômicos mais consistentes mostram um aumento do volume ventricular, o que reflete uma diminuição de tecido cerebral. Outros achados incluem atrofias focais ou difusas no neocórtex e diminuição de estruturas do lobo temporal medial (principalmente hipocampo) e do tálamo. Estima-se que uma diminuição de 5 a 10% do volume cerebral, principalmente da massa cinzenta. Estudos de espectroscopia de ressonância magnética mostram também uma diminuição de NAA (um marcador neuronal) no córtex temporal e frontal de esquizofrênicos, refletindo uma diminuição de metabolismo nessas regiões” (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004).
“Em estudos histológicos, foram observadas alterações na arquitetura celular do córtex frontal, do giro do cíngulo anterior e o giro temporal superior, bem como diminuição do volume e número de células no núcleo talâmico mediodorsal.” (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004).

Ao longo dos anos, foram elaboradas diferentes teorias causais sobre a esquizofrenia. Mas nenhumas delas alcançaram evidências suficientes, para ser aceita como uma teoria unificadora da patologia. Dentre elas, destacam-se as teorias de, Crow; Horrobin e Gattaz; Goodman; e a de Lara. As teorias deles convergem todas para um conceito mais global, o da esquizofrenia como uma patologia neurodesenvolvimental — as alterações responsáveis pelos sintomas da doença aconteceriam durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, principalmente no período de gestação. (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004).

“As formulações das teorias neuroquímicas para esquizofrenia adotaram um modelo fisiopatológico em que alterações em um sistema neurotransmissor específico seriam responsáveis pelo quadro clínico dos pacientes. Como regra geral, esses modelos valeram-se, por um lado, de fármacos que induziam sintomas psicóticos (como anfetamina, LSD, PCP) e, por outro, de fármacos que apresentavam efeito antipsicótico (antagonistas dopaminérgicos e serotoninérgicos, agonistas glutamatérgicos). Cada vez mais, no entanto, as relações entres os sistemas de transmissão têm sido levadas em conta para a formulação de modelos mais complexos para doença” (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004).

Levando em conta que se tem várias teorias neuroquímicas — hipótese dopa/minérgica; hipótese serotoninérgica; hipóteses gluatamatérgica/GABAérgica; hormônios da tireoide e vitamina A (retinol) e dentre outras teorias. Nos deteremos naquele referente a hiperfunção dopaminérgica central, atualmente a mais bem investigada e mais aceita.

Essa hipótese se baseia na ideia que a esquizofrenia está associada a um estado de hiperatividade dopaminérgica, pincipalmente na via mesolímbica. As evidencias que sustentam tal hipótese mostram que fármacos aumentam a atividade dopaminérgica, como anfetaminas, são capazes de induzir os sintomas positivos da doença em pessoas previamente saudáveis” (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004).

Os receptores de dopamina são subdivididos em D1, D2, D3, D4, e D5 de acordo com localização no cérebro e função. A dopamina é um neurotransmissor. O sistema dopaminérgico tem várias vias. A dopamina é sintetizada ou produzida especialmente na substância negra e área tegmental ventral (ATV). A dopamina, também é envolvida no controle de movimentos, aprendizagem, humor, emoções, cognição e memória; precursora da adrenalina e noradrenalina. Na esquizofrenia, há um excesso de dopamina na via dopaminérgica no mesolímbico e a escassez na via mesocortical.

Via mesocortical — via neuronal que conecta a área tegmental ventral ao córtex cerebral em particular aos lobos frontais, essencial para a função cognitiva do córtex pré-frontal e acredita-se que está denvolvida em aspectos de motivação e respostas emocionais. Na esquizofrenia tem um funcionamento atípico e acredita-se que estar relacionado com os sintomas negativos (avolição, alogia e embotamento afetivo). Esta via está amplamente associada com a via mesolímbica.

Via mesolímbica — às vezes chamada de via de recompensa, é uma das vias dopaminérgicas do cérebro. A via se inicia na área tegmental ventral do mesencéfalo e forma conexão com o sistema límbico através do núcleo accumbens, a amígdala cerebelosa e o hipocampo, e também com o córtex pré-frontal medial; estar relacionada ao pensamento, regula a saliência de incentivo, motivação, aprendizagem de reforço e medo, entre outros processos cognitivos. Na esquizofrenia há um aumento da atividade dopaminérgica. No sistema de recompensa cerebral, há um aumento de dopamina, assim como as drogas psicoativas.

Via negroestrital — Inicia-se na área tegumentar ventral (ATV), pertencente à formação reticular e à substância negra do mesencéfalo. Na substância negra origina-se a via nigro-estriada ou nigroestriatal, que termina no corpo estriado, sendo muito importante o controle da atividade motora somática. A dopamina estabiliza os movimentos responsáveis pelos movimentos motores do corpo. Na esquizofrenia ocorre um aumento de dopamina. Pessoas com esquizofrenia o córtex frontal é menor ativado, o corpo estriado superativado. Há uma dilatação ventricular e do espaço subaracnóideo.

Via tuberoinfundibular — liga os núcleos arqueados e neurônios periventriculares ao hipotálamo e à hipófise posterior. A dopamina liberada neste sistema inibe fisiologicamente a secreção de prolactina.


Esquema das vias dopaminérgicas, hipótese dopaminérgica-esquizofrenia

Sintomas


A priori podemos ressaltar a importância de abordar a sintomatologia e como ocorre o desenvolvimento progressivo da esquizofrenia. Segundo os autores Kapczinski; Quevedo; Izquierdo (2004), no Brasil cerca de 30% dos leitos nos hospitais psiquiátricos são ocupados por esquizofrênicos, geralmente os sintomas aparecem por volta dos 15 a 25 anos de idade nos indivíduos acometidos por essa doença independente do gênero.

Outro ponto a ser destacado, são os sintomas da esquizofrenia, subdivididos em três categorias:

Sintomas positivos — são características que os pacientes possuem e são ausentes em indivíduos saudáveis. (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004) Tais como alucinações - é a percepção real de um objeto que não existe, ou seja, são percepções sem um estímulo externo (podendo ocorrer de diversas formas: auditivas, visuais, olfativas, gustativa, sinestésicas e táteis), e os delírios – É uma crença ou realidade alterada que é mantida com persistência apesar de evidências ou acordo em contrário (exemplos: persecutórios, referência, grandeza, erotomaníacos, niilistas e somáticos).

Sintomas negativos — são características do funcionamento de indivíduos normais no qual os esquizofrênicos não possuem. (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004) como: embotamento afetivo- os pacientes esquizofrênicos apresentam dificuldade em expressar emoções e sentimentos; avolição- o indivíduo que obtêm tal manifestação apresenta falta de vontade ou dificilmente tem atitude de iniciar uma atividade; anedonia- caracterizada pela falta de prazer e alogia- discurso empobrecido.

Sintomas desorganizados — são características presentes em indivíduos normais e em esquizofrênicos, mas de uma forma diferente e mais caótica nos últimos. (Kapczinski; Quevedo; Izquierdo; 2004) apresentando: expressam comportamento bizarro, desorganização de pensamento e afeto inapropriado.

De acordo com Silva (2006), os primeiros sinais que um esquizofrênico pode apresentar no início da doença geralmente são: a perda de energia que antes tinham para determinadas atividades; além disso, eles acabam por perderem a iniciativa e o interesse por coisas novas, apresentando humor depressivo, descuido coma sua higiene e a aparência pessoal, são esses os primeiros sinais que surgem antes dos sintomas mais graves ou durante tais sintomas, o mesmo pode permanecer por semanas ou meses.

É importante destacar também, segundo os autores Kapczinski; Quevedo; Izquierdo (2004); a esquizofrenia é dividida com base nos sintomas que o indivíduo possa apresentar, existindo cinco tipos de esquizofrenia e não apenas; a simples é caracterizada pela falta de alucinações e delírios, o indivíduo apresenta embotamento afetivo, avolição, isolamento social ou seja a maior parte dos sintomas negativos. Outro tipo de esquizofrenia é a catatônica que é a manifestação de comportamentos bizarros, ou seja, o esquizofrênico tende a apresentar uma característica de permanecer na mesma posição por horas consecutivas, além disso, o mesmo apresenta uma diminuição da sua atividade motora.

Já na esquizofrenia hebleflênico, o indivíduo expressa sinais de desorganização do pensamento, e também o mesmo apresenta um comportamento infantilizado. É também, de total relevância destacar a esquizofrenia paranoide, o indivíduo manifesta alucinações e delírios; isolamento social, desorganização do pensamento e embotamento afetivo e geralmente é comumente o esquizofrênico ter a impressão de estar sendo perseguido. A esquizofrenia residual que é caracterizada por o indivíduo apresentar sintomas negativos, além disso, o mesmo manifesta lentidão psicomotora, embotamento afetivo, pobreza de conteúdo e falta de iniciativa.

Diagnóstico


A Organização Mundial de Saúde (OMS), define os estados de saúde na Classificação Internacional de Doenças em sua Décima Revisão (CID-10). Esse documento, é utilizado para auxiliar no diagnóstico das doenças mentais e seus transtornos. Já à Associação Americana de Psiquiatria, traz o Manual de Diagnostico e Estatístico de Transtornos mentais na sua quinta edição (DSM-5), no qual classifica a partir de critérios os transtornos mentais para facilitar o diagnóstico e a referência em vistoria clínica de doenças mentais.

Segundo a CID-10, os critérios gerais para diagnostico de esquizofrenia englobam pelo menos um dos sintomas e sinais da síndrome listada abaixo no item (I) ou pelo menos dois dos sintomas e sinais listados no item (II), que devem estar presentes durante a maior parte do tempo de um episódio de transtorno psicótico, durando pelo menos um mês (ou pelo menos algum tempo durante grande parte do dia).

(I) pelo menos um dos subsequentes:


a) Eco de pensamento, inserção ou bloqueio de pensamento ou irradiação de pensamento;

b) Delírios de controle, influência ou passividade, claramente relacionados a movimentos do corpo ou membros ou pensamentos, ações ou sensações especificas; percepção delirante;

c) Vozes alucinatórias fazendo um comentário contínuo sobre o comportamento do paciente ou discutindo entre si ou outros tipos de vozes alucinatórias vindas de alguma parte do corpo;

d) Delírios persistentes de outros tipos, culturalmente inapropriados e completamente impossíveis, tais como identidade religiosa ou política, poderes e habilidades sobre-humanas (p. ex., ser capaz de controlar o tempo ou entrar em comunicação com seres extraterrestres).

(II) pelo menos dois dos subsequentes:


e) Alucinações persistentes em qualquer modalidade, que ocorram cotidianamente durante pelo menos um mês, quando acompanhadas por delírios (que podem ser fugazes ou meio formados) sem conteúdo afetivo claro ou quando acompanhadas por ideias supervalorizadas persistentes;

f) Neologismos, quebras ou interpolação no curso do pensamento, resultando em incoerência ou fala irrelevante;

g) Comportamento catatônico, tal como excitação, postura inadequada ou flexibilidade cércea, negativismo, mutismo e estupor;

h) Sintomas “negativos” como apatia marcante, escassez de fala e embotamento ou incongruência de respostas emocionais (deve estar claro que estas não são devidas a depressão ou medicação neuroléptica).

O DMS-5 utiliza como critério para o diagnosticar uma pessoa com esquizofrenia, tais sintomas:

A. Quando o paciente apresenta dois ou mais dos sintomas seguintes, presente por um espaço significativo de tempo durante um período de um mês (ou menos, caso tratamento obtenha êxito).

Pelo menos um deles deve ser (I), (II) ou (III):

(I) Delírios.

(II) Alucinações.

(III) Discurso desorganizado.

(IV) Comportamento grosseiramente desorganizados ou catatônico.

(V) Sintomas negativos, ou seja, expressão emocional diminuída ou avolia.

Destaca-se ainda:

B. Relevante destacar a perca expressiva no trabalho, relações interpessoais e autocuidado;

C. Duração: sinais contínuos do distúrbio persistem no mínimo durante seis meses;

D. Exclui: transtorno esquizofrênico e transtorno depressivo ou transtorno bipolar;

E. Exclui: uso de substâncias

F. Exclui: distúrbio autístico ou distúrbio global de desenvolvimento.

Tratamento


Quando a esquizofrenia não é tratada corretamente pode acarretar prejuízos para a vida do indivíduo e de seus familiares, seja em aspectos pessoais ou nos sociais. Sendo, portanto, um transtorno mental crônico requer um tratamento por tempo indeterminado e deve ser seguido para que o paciente possa ter uma vida cotidiana melhor. O objetivo de alguns tratamentos da esquizofrenia são: controlar os sintomas, reabilitar o indivíduo para que retome sua vida normal, e evite também episódios psicóticos. Não há ainda uma cura para a esquizofrenia, mas o paciente deve seguir o tratamento pontualmente. Para a escolha do tratamento é necessário que se leve em conta a fase em que o indivíduo se encontra. É necessário um trabalho conjunto entre o paciente, a família e uma equipe multidisciplinar de saúde (geralmente composta por psiquiatra, psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional e enfermeiro). Tem-se no Brasil algumas instituições voltadas ao atendimento de pessoas que necessitem de um acompanhamento especializado, como no caso de indivíduos com esquizofrenia. Dentre essas instituições, podemos citar: Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); Residências Terapêuticas Saúde Mental; Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), O programa de Volta para casa; Centros de Convivência e Cultura e Hospital-Dia. (Cavalcante; Moreira; 2016)

Após citado algumas maneiras do tratamento em indivíduos com esquizofrenia, faz-se necessário ressaltar como se dá o tratamento farmacológico. Por ser um transtorno que altera o funcionamento do cérebro. Ao utilizar uma medicação adequada no tratamento os sintomas reduzem gradativamente, logo no início do tratamento. Alguns medicamentos são indicados; tais como: Antipsicóticos (clorpromazina, haloperidol, levomepropazina, trifluoperazina, amisupirida, aripiprazol, clozapina, olanzapina, quetiopina e risperidona- é um potente bloqueador da ação do neurotransmissor dopamina, através da inibição do funcionamento dos seus receptores, especialmente os do tipo D2 ), antiparkinsonianos, antidepressivos, estabilizadores do humor, ansiolíticos e hipnóticos (Cavalcante; Moreira; 2016).

Esquizofrenia e Implicações Genéticas


A esquizofrenia (EQZ) é uma doença mental, que atinge cerca de 1% da população e para parentes de primeiro grau de um indivíduo aproxima-se aos 10%, causando alucinações e delírios. A pessoa esquizofrênica acredita profundamente em suas alucinações, que podem ser auditivas e/ou visuais. Consequentemente, perde a noção da realidade. O transtorno pode aparecer na adolescência ou só na fase adulta (Gottesman, 1991; Ortiz et al., 2009).

Já houveram muitos estudos relacionados a esquizofrenia, mas até então, não se sabe sobre sua etiologia. No final do século XIX, psiquiatras acreditavam que a doença tinha um caráter hereditário. Então, foram feitos estudos com famílias. Ao longo do tempo, seguiram-se vários trabalhos confirmando uma maior agregação familiar à esquizofrenia. Contudo, esses trabalhos apresentavam falhas na metodologia, não havia explicações claras que viessem comprovar a relação da hereditariedade com o problema (Gottesman, 1991).

Foram desenvolvidas diversas hipótese, como: que a hipofunção resultante dos receptores do glutamato (NMDA) estaria envolvida no desenvolvimento da esquizofrenia; alterações no volume cerebral, tanto a perda de volumes quanto aumento no tamanho ventricular e decréscimo no número de neurônios em certas áreas do cérebro; o contado pré-natal com viroses estaria associada no desenvolvimento da doença na gravidez; o transtorno poderia ser o resultado do excesso de dopamina; e as hipóteses genéticas, que são bastante estudadas atualmente, onde o tipo de investigação molecular mais utilizado é o estudo de associação, onde o pesquisador verifica se a frequência de uma determinada variante gênica é diferente entre afetados e não afetados (Rangel, B.L.; Santos. A,2013).

Em 1997, Kendler e Gardner, confirmaram que o risco em parentes de primeiro grau é 10 vezes maior que o risco em parentes controles.

Mesmo que indícios familiares se apresentem necessários, não é suficiente para comprovar que há apenas influência genética, já que outras doenças com agregação na família aparecem com a mesma exposição ambiental, como a cárie dentária, por exemplo. Por isso, estudos com gêmeos e com adotados se fazem importantes para identificar a suposta fonte (Filho, H. P. V.; Samaia, H, 2000).

Os estudos de adoção têm um intuito maior de separar os componentes genéticos dos ambientais, ou seja, a pessoas adotada possui genes de uma família, mas a sua trajetória de vida se dá com membros de outra família. Primeiro investiga-se possíveis enfermidade entre os pais biológicos e entre os pais adotivos de indivíduos adotados que desenvolveram a doença. Depois, observa-se se há distúrbio nos filhos biológicos de indivíduos com a doença, que foram adotados ao nascer e se compara com filhos biológicos de pais que não apresentam a doença, que também foram adotados logo após o nascimento. Há grande dificuldade para a execução desses estudos, além das questões éticas, tem a questão da exigência dos registros corretos de adoções (Filho, H. P. V.; Samaia, H, 2000).

Pesquisas revelaram que gêmeos monozigotos (idênticos) apresentam 50% de chance de que um dos gêmeos tenha esquizofrenia, caso o outro já revele ter. Já os gêmeos dizigotos (não idênticos), se um tem a doença, o outro terá 15% de chance de obtê-la (Kendler, 1983). A questão de que os gêmeos homozigotos tenham a possibilidade de apenas 50% de concordância, nos mostra que ela não se restringe só ao fator genético, apesar que o estudo confirme a existência de um componente genético, mas se é esperado que em doenças genéticas se tenha 100% de concordância para gêmeos monozigóticos (Gottesman, 1991), logo se ressalta a participação do componente ambiental com o genético para o desenvolvimento da EQZ (Neto et al., 2007).

Atualmente, pesquisas vem sendo desenvolvidas com o intuito de encontrar novos genes ligados a esquizofrenia. Os genes atingem na maioria das vezes, as principais estruturas: o hipotálamo, tálamo, córtex frontal, cerebelo, e bulbo raquidiano (Sundararajan et al., 2018). Se no sistema nervoso central do feto houver uma alteração na citocina e seus receptores expressos pelas células gliais e neurais, pode ocorrer má formação do cérebro, e assim desenvolver doenças como a esquizofrenia (Benveniste 1998).

Pessoas com EQZ tendem a "manifestar morbidade elevada por doenças infecciosas e autoimunes que recrutam citocinas para o cérebro e intermediam os processos inflamatórios que regulam as reações imunoinflamatórias" (Kinney et al., 2010; Watanabe et al., 2010; Sirivichayakul et al., 2018 apud Lopes,2019). "A alteração da defesa do sistema imune inato para o adaptativo dá suporte para a origem imunoinflamatória da esquizofrenia. Assim como sua capacidade de influenciar as neurotransmissões dopaminérgicas, noradrenérgica e serotoninérgica" (Müller e Ackenheil, 1998; Hayashi-Takagi, 2017 apud Lopes, 2019, p. 6). Logo, as citocinas se tornam importantes para estudos voltados as quetões genéticas e ambientais relacionados à esquizofrenia (Freudenreich et al., 2010).

"A interleucina 10 (IL-10) é uma citocina anti-inflamatória produzida principalmente por monócitos e em menor quantidade por linfócitos. Ela atua como reguladora da resposta inflamatória inibindo a produção de citocinas pró-inflamatórias" (Fiorentino et al., 1991 apud Lopes,2019, p. 6-7). O gene que produz a IL-10 possui 5 exóns e localiza-se na posição 32.1 do braço longo do cromossomo 1 (1q32.1) (Gao et al., 2014; Srinivas et al., 2016).

Segundo Lopes (2019, p.31), em seus estudos, foram sugeridos "que interferências na produção da IL-10 possa desencadear um fator de risco a propensão da doença uma vez que os polimorfismos desse gene vêm sendo reportados em várias populações".

Apesar de diversas pesquisas, não foi descoberta a etiologia e quais fatores realmente são causadores no desencadeamento deste transtorno psiquiátrico. Até hoje, só se pode afirmar que a EQZ é multi-sintomática e ligada a multifatores, tais como: "fatores genéticos, condições ambientais alterações na química cerebral, aspectos culturais, étnicos, sociais, uso de medicamentos e doenças infecciosas, nas quais, interferem tanto na terapia quanto no desenvolvimento da doença" (Brekke e Barrio, 1997; Lara e Abreu, 2000; Zapata et al., 2015 apud Lopes, 2019, p.3).

Um Olhar Fenomenológico para o Ser Esquizofrênico


O esquizofrênico é caracterizado como sendo portador de uma doença que compromete diversos aspectos de sua vida, sobretudo no âmbito social. Todavia, pode-se perceber, através dessa perspectiva, a falta de um olhar voltado para o ser humano, ou seja, o esquizofrênico é analisado, simplesmente, através da doença, e não como um sujeito dotado de potencialidades. Conforme Oliveira al et (2012) ao rotular uma pessoa como esquizofrênica, esquece-se que a doença se manifesta de forma diferente para cada caso. Assim, a percepção do esquizofrênico, muitas vezes, tende a ser limitada e não abarca suas vivências, o que contribui para sua estigmatização. Para a fenomenologia, vale uma discussão a respeito da tentativa de modificar o modo como nos referimos às pessoas com esquizofrenia, vê-las como "portadoras de um problema”, ao invés de “pessoas-problemas” poderia suavizar ou minimizar as formas e visões pejorativas e distorcidas como elas são vistas socialmente.

A princípio, cabe destacar que a esquizofrenia é uma psicopatologia grave e que acarreta prejuízos para aqueles que a manifestam. Dentre esses prejuízos, podem-se mencionar a dificuldade de se conviver com outras pessoas, incluindo os familiares e amigos, e o comprometimento da qualidade de vida dos portadores, visto que com a manifestação dos sintomas, tais indivíduos sentem-se incapazes de realizar tarefas que antes realizavam, culminando em baixa autoestima. Além disso, “o psicótico não pode discriminar realidade interna e externa, aquilo que é próprio do eu e do não eu, o intracorporal do extracorporal, o real do ilusório, a percepção da alucinação [...]” (MAIA; JORGE, 2001, p. 559). Logo, deve-se ter em mente que a doença é caracterizada como uma desorganização da noção de realidade, ou seja, o esquizofrênico apresenta confusão mental no que concerne ao que vivencia cotidianamente.

Diante do que foi anteriormente discutido, deve-se considerar a importância do reconhecimento do ser com esquizofrenia como um sujeito dotado de sentimentos, emoções e particularidades, que o tornam único. Essa atitude caracteriza-se como fenomenológica, isto é, procura-se enxergar o indivíduo além da doença e de suas limitações, analisando-o como um ser-com-outros e como um ser-no-mundo. Para a adoção dessa postura, busca-se nos pressupostos da fenomenologia e do existencialismo embasamento, principalmente os referentes à significância do aspecto relacional, incluindo a figura do psicólogo como facilitador para uma melhor qualidade de vida da pessoa esquizofrênica. Dessa forma, segundo Tenório (2008) o homem é um sujeito de possibilidades e é movido por suas necessidades, além de estar aberto ao mundo.

A figura do terapeuta é de grande importância, visto que este pode atuar na liberação das potencialidades do sujeito, agindo como mediador. Este deve assumir uma postura empática com relação ao paciente, a chamada redução fenomenológica, em que se deixa de lado a atitude natural para se assumir a fenomenológica, ou seja, abdica de seus preconceitos e juízos sobre um determinado fenômeno, assumindo uma postura de compreensão. Assim, o indivíduo esquizofrênico pode ter uma melhor qualidade de vida se tiver acompanhamento psicológico, porque o processo relacional que se estabelece entre ele e o psicólogo é um meio de perceber que, apesar das dificuldades enfrentadas por conta da doença, o mesmo é um sujeito dotado de muitas capacidades, que o tornam único. Logo,

Compreender como se sente esta pessoa ao ser diagnosticada como esquizofrênica, possibilita-me enveredar por experiências que são próprias desse ser. compartilhando emoções e ansiedades, fazendo-as visíveis para todos.” (MAIA; JORGE,2001, p. 558).


Considerando que o indivíduo venha a apresentar algum sintoma, que pode ser positivo (delírios, alucinações, alterações na fala e no comportamento) ou negativo (redução da atividade motora e psíquica, entre outros processos emocionais que são comprometidos), o mesmo pode ter consequências não positivas, no que se refere ao convívio pessoal, na vida afetiva, no meio social, no âmbito familiar e em questões financeiras. Vale salientar que, quando se fala em melhoria da qualidade de vida de uma pessoa com esquizofrenia, esquece-se de considerar os cuidados para com aqueles que compartilham suas vivências com esta. A família constitui um grupo social de grande relevância para a aceitação da realidade pelo doente, visto que o apoio para o enfrentamento dos obstáculos, advindos do transtorno, é de suma importância. Dessa maneira, o olhar voltado para o cuidador também se faz necessário, tornando possível uma relação positiva deste com aquele que recebe os cuidados.

Seguindo este pensar, ao cuidar de famílias, é preciso considerá-las na sua unicidade, isto é, em suas potencialidades, limitações, condições estruturais, econômicas e emocionais, no intuito de conduzir satisfatoriamente esses aspectos da convivência com a doença, como forma de elaborar a experiência em relação a ela” (SALES et al., 2010, p. 457).


Compreendendo o homem através da obra de Martin Heidegger, pode-se analisá-lo como um ser dotado de liberdade, habitando um mundo inóspito, ou seja, ser-no-mundo é viver em meio à inospitalidade. Para existir como tal, esse homem possui essa característica como base ontológica (base de seu ser), o que é fundamental para o estabelecimento de sua relação com seus semelhantes, que, por sua vez, também se relacionam com este mundo. Portanto, esse homem está em constante interação com outros homens, que também atribuem significados às suas experiências, e com o mundo, que oferece as condições para o desenvolvimento dele.

A proposta de interface da fenomenologia frente à esquizofrenia envolve, sobretudo, a vivência do próprio doente com os aspectos psicossociais, que constituem um pilar no debate que permeia esse assunto; a relação que esse indivíduo terá consigo mesmo e com os outros, como já citado anteriormente, é o que concerne nessa demanda. Os aspectos laborais (trabalho), biológico, o estigma e a autoestima também cercam essa discussão.

Iniciando pelo aspecto laboral, ele é tratado sob duas perspectivas, uma positiva e outra negativa; para alguns pacientes, o trabalho é um fator que pode ajudá-lo no enfrentamento da doença, e para outros, pode ser um critério não muito positivo. Para aqueles que tratam o aspecto laboral como ponto positivo, ele é considerado desestressante, útil e importante, podendo desencadear o papel de ativação dentro do contexto diário do indivíduo; já para os pacientes que consideram o trabalho um ponto negativo, ele é vivenciado como um fator estressante e negativo, podendo fazê-los sentirem-se muito agitados e cobrados, sendo, então, um fator negativo. Em relatos citados em um estudo de caso no artigo de Oliveira al et (2012) há a fala de um dos pacientes, que revela principalmente o aspecto negativo da questão laboral na sua perspectiva: “Se eu ficar em situação de estresse, de nervosismo ou de desentendimento, dá alucinação; e ambiente de trabalho não é calmo. Eu já trabalhei e sei como é.”

No caso da doença mental, trabalhar torna-se mais complicado, uma vez que são vários os fatores que prejudicam a sua concretização como baixa autoestima, dificuldade de lidar com situações frustrantes, medo de errar, dificuldade de viver de maneira independente e a ansiedade. (OLIVEIRA; FACINAL; JÚNIOR, 2012).


Em relação aos aspectos biológicos, é de muita importância que o próprio paciente tenha conhecimento do seu problema e de todos os outros que podem ser desencadeados ao passar do tempo e das circunstâncias. Conviver tendo o conhecimento do que significa a própria esquizofrenia permite ao paciente uma compreensão do real significado da mesma. Esse ponto envolve a fenomenologia, quando trata da importância de o paciente conhecer seu problema, para assim obter uma clareza do seu significado e demanda. Segundo Oliveira al et (2012) “ [...] é importante um novo olhar para os portadores deste transtorno, dando-lhes voz, acolhendo e valorizando seus sofrimentos neste processo de descoberta de novo sentido para a convivência com a esquizofrenia”

Os aspectos psicossociais estão voltados para as relações do paciente com seus cuidadores, com sua convivência nos mais variáveis âmbitos sociais e consigo mesmo, mas também envolve o estigma e as questões de autoestima.

Frente às inúmeras dificuldades ocorridas na esquizofrenia, é fundamental valorizar as relações sociais e familiares estabelecidas, bem como ter algum grau de controle e autonomia no ambiente em que vive; enfim, ser capaz de cuidar de si mesmo nos diferentes aspectos de sua vida. O importante é fazê-los se sentir ativos na construção de suas próprias histórias. (OLIVEIRA; FACINAL; JÚNIOR, 2012).


Esses estigmas, presentes muito fortemente no cotidiano da pessoa com a esquizofrenia, podem ser internalizados por eles mesmos, podendo acarretar outros problemas que não são positivos no que diz respeito à sua aceitação e convívio com a doença.

A estigmatização para o doente é a perda da autoestima, a perda da dignidade, os sentimentos de desesperança, o afastamento das relações sociais, a perda da cidadania e de seus direitos, diminuindo as possibilidades de ressocialização, uma vez que, na visão da sociedade, estes indivíduos fogem das normas sociais. (OLIVEIRA; FACINAL; JÚNIOR, 2012).


Em suma, a partir da teoria heideggeriana, busca-se entender o contexto vivenciado pelo ser esquizofrênico que, conforme Tenório (2008), tende a ser caracterizado pela esquizofrenia propriamente dita, cuja vivência é marcada por sofrimento, onde a pessoa enxerga um destino destituído de realizações otimistas. Porém, o sujeito portador deste transtorno, apesar das confusões mentais, deve ser visto como um ser que dá significância às coisas e que precisa de suporte de outros indivíduos, já que uma de suas particularidades é ser-com-outros, o que suscita a participação das pessoas para que seja possível uma relação harmoniosa do indivíduo esquizofrênico consigo mesmo.

Um olhar sobre perspectiva social


De acordo com a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (ABRE), a esquizofrenia se encontra em um caminho de superação e compreensão, sendo um transtorno mental que altera o funcionamento do cérebro. Em decorrência disso, a forma que o ser compreende seu transtorno se origina a partir dos conceitos estabelecidos pela vivencia familiar, entre amigos e pela sociedade, que revelam grandes cargas de conhecimento a respeito do adoecimento, e a forma como o mesmo experiencia a realidade do seu viver, sendo afetada o que acaba dificultando todos os âmbitos da vida, inclusive, o desenvolvimento do eu e de suas interações sociais. Tornando-se cada vez mais difícil conviver com as manifestações desse transtorno no ambiente familiar e social.

Ao olhar para a psicologia social, a discussão dos comportamentos sociais, que cada indivíduo carrega de si, as influências do ambiente e do meio social mostram o quão relacionado estão e de como tudo influência o sujeito. A partir de uma análise é possível analisar os fenômenos sociais construídos como o preconceito que segundo Myres (2000) “é uma atitude negativa dirigida a um grupo e aos que dele fazem parte” está totalmente introduzida no meio social, ainda mais quando não se conhece sobre o assunto, muitos de forma pejorativa utilizam de termos como louco, doido, maluco ou pessoa que fala coisas sem nexo. Essas definições comprovam cada vez mais o estigma social, sendo uma marca ou sinal que determina um grupo especifico, recebendo uma valorização social negativa. Na base do preconceito estão as crenças sobre um determinado grupo possuidor de características “diferentes” daquilo que atribuímos como normal, definido por estereótipos, muito utilizado para a manifestação de uma diminuição e limitação dos diferentes agrupamentos encontrados em nossa sociedade.

Segundo Myres (2000) “ o estereótipo em si é frequentemente apenas um meio de simplificar e agilizar nossa visão do mundo”, ou seja, usamos uma maneira mais rápida de interpretar e desvendar um certo grupo. Com a utilização de pejorativos, acaba-se rotulando um conjunto de pessoas que não possuem as mesmas características que os “outros”. Uma atitude preconceituosa desencadeia sérios problemas, como o isolamento social um dos sintomas do transtorno. Uma vez que o distanciamento do convívio social por parte do indivíduo acaba desenvolvendo um comprometimento em seu funcionamento social, que está ligado as cognições sociais, onde Myres (2000) explica que essas funções são desenvolvidas com a finalidade de socializar o sujeito, possibilitando uma interação com o ambiente e com os estímulos sociais (pessoas, grupos, família). De maneira oposta o recolhimento por parte do sujeito resulta em uma dificuldade nas relações pessoais, contribuindo com a desestimulação das funções mentais, e por fim no agravamento dos problemas psíquicos.

Ao olhar para o sistema de saúde mental, nos deparamos com a luta antimanicomial sendo caracterizada pela luta aos direitos daqueles que sofrem por adoecimento mental. A discussão é sobre o processo de desinstitucionalização, trazendo a importância da promoção à um tratamento de qualidade e acolhedor, combatendo a ideia de isolamento da pessoa com sofrimento psíquico em nome de tratamentos alternativos, que muitas vezes foram fundamentados em preconceitos. Visto isto, a luta antimanicomial informa e relembra o direito que todos os cidadãos possuem, o da liberdade, o de viver em sociedade e principalmente o direito ao tratamento digno.

Embora se tenha uma política pública de inclusão social, respeito, contra preconceito e mesmo depois da reforma psiquiátrica, ainda cultivamos o estranhamento e exclusão de pessoas com algum transtorno mental. Para Carniel et al (2015), a alienação é um dos principais fatores contribuintes para a manutenção da exclusão, preconceito e estereótipo voltados para pessoas com diagnóstico de esquizofrenia que se pauta em um imaginário transmitido secularmente e que ainda se encontra bem arraigado na sociedade. A não desmistificação da associação de alguns adjetivos a esquizofrenia como por exemplo: violentos e desorganizados, corrobora para a perpetuação do estigma e exclusão social. Salientando ainda que alguns estudos evidenciaram uma escassez de informações adequadas e cuidadosas sobre o transtorno fornecidas por profissionais de saúde a pacientes e familiares. Assim como evidencia um déficit dos profissionais na transmissão das informações, ocasionando desta forma em informações distorcidas e incompreensíveis.

De acordo com Bevilacqua (2012), o estigma estrutural vivenciado socialmente é determinante para o reforçamento do comportamento preconceituoso. Aponta ainda para uma influência midiática assim como para forças sociais e políticas como veiculadores de mensagens estereotipadas, preconceituosas e discriminatória sobre os transtornos mentais. Afirma ainda que o estigma estrutural voltado para a esquizofrenia no meio de comunicação de massa, é definido por termos depreciativos como: insanidade, perigo, loucura etc. Assim como é atribuído o diagnóstico de esquizofrenia a pessoas, sem que haja uma avaliação médica especializada, ou seja, o diagnóstico é dado erroneamente por leigos que agem de acordo com uma categorização social. Antigamente, esses indivíduos eram conduzidos para “hospícios”, separando-os da sociedade. No entanto com o desenrolar dos anos o avanço em estudos e tratamentos da esquizofrenia foram se desenvolvendo e obtendo esclarecimentos, quanto mais precocemente o distúrbio for tratado, menos danos trará aos pacientes.

O lugar da família na cultura e no transtorno é marcado como uma referência central para a constituição da individualidade e construção de visão de mundo e de estilos de vida na cultura (VELHO, 1987 apud SHIRAKAWA et al, 1998), mesmo diante das complexidades que os rodeiam, atuando como um suporte. Diante de uma pesquisa Shirakawa (1998) analisa a composição de três categorias utilizadas para a representação do distúrbio as quais denominou como: problema de nervoso, problema na cabeça e problema espiritual que de modo resumido demonstra uma forma de categorizar e “explicar”, termos esses utilizados pela família para explicar o adoecimento psíquico. Diante desses dados é possível identificar a importância familiar e o seu papel coadjuvante, sendo imprescindível que haja um acompanhamento e tratamento psicossocial para a família, que a partir de questões tratadas a família consiga lidar melhor e saiba o verdadeiro papel e posteriormente auxiliará na reintegração desse familiar na sociedade e consequentemente na melhora do tratamento.

Quando o tratamento acontece, muitas medidas precisam ser tomadas e ajustadas para o bom desempenho do paciente, saber a fase e gravidade do transtorno é o primeiro passo para se estabelecer estratégias, que irá variar dependendo de cada paciente e do envolvimento familiar. Conforme Cavalcante et al (2016), o tratamento consiste em uma soma de ações em que o paciente ciente de sua condição se submeterá, com o auxílio da família e uma equipe multidisciplinar, composta por um psiquiatra, enfermeiro, terapeuta ocupacional, psicólogo e assistente social no qual facilitar a intervenção, além da assistência medicamentosa, visto que as duas possuem um caráter complementar. Shirakawa (2000) evidencia que durante esse processo ajudar o paciente/familiar a recuperar as habilidades sociais perdidas como a estimulação de atividades diárias (higiene, alimentação, lazer, horas de sono), redução do isolamento e amparo na volta ao trabalho, é de suma importância para a organização da vida do paciente.

Para complementar o assunto é preciso falar a respeito da elevação de índices suicidas cometidos por pessoas esquizofrênicas. Bressan (2000) explica que embora a esquizofrenia esteja sistematizada em sintomas positivos e negativos, outro sintoma presente é o da depressão que possui um grande impacto na vida dos pacientes evidente em todas as fases da doença. E acrescenta dizendo sobre a ligação da depressão e suicídio, afirmando que aproximadamente 10% dos pacientes com esquizofrenia cometem suicídio, e que 60% das pessoas que se suicidam possuem sintomas depressivos. Sendo um risco muito sério para as pessoas que têm esquizofrenia. Manifestando, portanto, uma importância na prevenção de suicídios e reabilitação do paciente enquanto ser participante do mundo.

Em vista dos argumentos apresentados a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), estima-se que cerca de 25% de pessoas com esquizofrenia se recuperem totalmente. Devido aos avanços nos últimos 25 anos perspectivas tem sido alcançada e melhorada. Embora, ainda não haja um tratamento totalmente eficaz é importante ressaltar muitos pacientes se recuperam e levam uma vida independente e satisfatória. Reforçando que conforme aprendemos mais sobre as causas e os tratamentos, mais possibilidades de ajudar pessoas a viverem melhor, teremos.

Considerações finais


Torna-se evidente, com base nos argumentos e conhecimentos alcançados até o presente momento acerca do transtorno psíquico, uma persistência por parte da sociedade em estigmatizar o ser esquizofrênico, a experiência do próprio com seu adoecimento e a sua vivência nos mais diversos âmbitos é comprometido após o diagnóstico. Como consequência fazem-se necessários tratamentos à níveis psicossociais, humanísticos e medicinais a fim de auxiliar na superação de problemas oriundos dessa desordem, minimizando casos futuros que possam vir a agravar-se (isolamento social, pensamentos suicidas). A inclusão desses indivíduos que é um ponto primordial para se discutir dar-se por meio da interação do mesmo frente a familiares, a si mesmo, aos cuidadores e sobretudo no meio social. Porém no que se refere a sociedade vale ressaltar que há um grande déficit de informações e discursões que permeiem a falta de relevância do tema, pouco discutido, logo mais debates, pesquisas e investimentos nesse assunto podem melhorar ao menos a convivências desses indivíduos socialmente e contribuir para a desmistificação desse adoecimento psíquico.

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